Saiba mais sobre o Solimões

O Território Solimões está inserido no Corredor Central da Amazônia (CCA), localizado integralmente no Estado do Amazonas e é composto por 55 áreas protegidas, sendo 7 UCs federais (2 de Proteção Integral e 5 de Uso Sustentável), 4 UCs estaduais de Uso Sustentável e 44 Terras Indígenas, compreendendo aproximadamente 12 milhões de hectares.
O Território Solimões está contido numa das regiões mais conservadas da Amazônia brasileira, reconhecida pelas suas peculiaridades naturais e humanas, provedora de serviços ambientais, por sua altíssima produtividade primárias e secundárias e caracterizadas por uma enorme diversidade aquática, que pode ser representada por uma grande comunidade planctônica, e uma das mais diversas comunidades de peixes descritas para a Amazônia, com mais de 600 espécies catalogadas até 2014. Esta diversidade aquática está ligada a uma grande diversidade de habitats aquáticos presentes nos corpos d´água, e com uma abundante fonte de nutrientes dissolvidos na água que se repõe anualmente por conta do pulso de inundação. O Território Solimões é também o lar de populações tradicionais, como ribeirinhos e extrativistas, além de diversos povos indígenas, com cultura e línguas diferenciadas.
Além desta enorme sociobiodiversidade, a existência de diversos produtos agroextrativistas manejados e extraídos há gerações pelas populações locais, bem como as articulações existentes em torno do fortalecimento desta produção, levaram o Território do Solimões a ser reconhecido como um Território de Diversidade Socioambiental pelo Origens Brasil®.
Localização do Solimões

Diversidade sociocultural

O Território do Solimões se destaca pela sua rica diversidade sociocultural, contendo diferentes grupos sociais e étnicos, entre eles, indígenas, ribeirinhos, manejadores e extrativistas. As comunidades ribeirinhas da área são descendentes de indígenas e migrantes nordestinos que vieram para a Amazônia no início do século XX. Os assentamentos da região do médio Solimões foram fundados por comerciantes e trabalhadores que tinham abandonado as regiões de extração de seringa localizadas a oeste da região. Essas populações têm na atividade da pesca uma das principais, tanto como fonte de alimentação quanto de renda, sendo o pirarucu uma das espécies de peixe de maior importância econômica, como exemplo em algumas partes da RDS Mamirauá, cerca de 30% da renda familiar é proveniente da pesca. E destes, 47% advém da pesca do pirarucu.
Devido à importância da pesca de pirarucu para a renda de muitas famílias da RDS Mamirauá, algumas pesquisas sobre aspectos da pesca, biologia e ecologia da espécie foram realizadas nesta reserva, na década de 1990, a fim de subsidiar seu manejo comunitário, que pode ser entendido como os esforços das comunidades ribeirinhas em administrar a pesca local, criando reservas de lagos, definindo e implementando de forma coletiva medidas de controle de uso e restrição da entrada de pescadores externos.
Pressões e Ameaças
No âmbito do Território Solimões, as terras indígenas e as Unidades de Conservação encontram-se entre as mais suscetíveis a pressões e ameaças. De maneira mais ampla o enfraquecimento da política de áreas protegidas tem sido permissivo ao desmatamento, as queimadas, a extração de madeira e pesca ilegal, além das atividades garimpeiras, colocando em cheque a segurança fundiária das comunidades deste território. Situação agravada pelos conflitos fundiários com supostos donos de terras e lagos e pescadores externos, que enfraquecem a organização coletiva e a ideia de uso comum dos recursos naturais.

Apesar do esforço local, por parte dos grupos de manejadores, na vigilância dos lagos, a pesca ilegal atua ininterruptamente; ações oficiais de fiscalização, por órgãos competentes (federal, estadual e municipal), são praticamente inexistentes na região, quase todas as ações de vigilância vêm sendo planejadas e executadas com esforço das comunidades.
O modelo tradicional de relação comercial mantido em razão da necessidade de conseguir rancho e combustível para realização da atividade extrativista, levam muitos manejadores a se endividarem com os “patrões” da região, com compras feitas a prazo; por conseguinte, a falta de planejamento com esses (e outros) gastos atrapalha e compromete os cenários financeiros do manejo sustentável, a médio e longo prazo.
De forma direta, o garimpo ilegal, localizado na região de Jutaí (TI Bia, rio Mutum e RDS Cujubim) é uma ameaça constante com degradação ambiental, que prejudica o solo, qualidade da água e esvazia a mão de obra para a produção sustentável.
Apesar dessas pressões existentes no território, a região ainda é uma das mais conservadas da Amazônia, graças ao empenho de inúmeras organizações sociais, a criação do corredor de áreas protegidas e a existência das populações tradicionais e povos indígenas que habitam estas áreas.
Conheça as áreas protegidas e os povos que vivem no Território do Solimões
Curiosidades do Solimões
- O Arapaima gigas (Pirarucu), encontrado e manejado na região é considerado o maior peixe de escamas de água doce do mundo, chegando a medir 3 metros e a pesar 200 Kg. O nome pirarucu vem do Tupi: pira quer dizer peixe e urucu, semente de cor vermelha.
- A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM) é um dos sítios brasileiros da Convenção de Ramsar, da ONU, que confere importância a áreas alagadas do mundo inteiro, sendo considerado Patrimônio Natural da Humanidade, pela UNESCO;
